23 de fev. de 2010

Site que conecta pessoas aleatoriamente vira mania.

Um site em que os internautas podem se conectar aleatoriamente com outras pessoas através de suas webcams ganha milhares de adeptos ao redor do mundo. Em horários de pico, ele chega a reunir mais de 35 mil usuários.
Nesse novo serviço chamado Chatroulette, criado em novembro do ano passado, o usuário clica no botão "Play" e imediatamente se depara com um completo estranho na tela de seu computador. Se o internauta não gostar do interlocutor, basta clicar em "Next" para trocar aleatoriamente de parceiro virtual.
O objetivo do site já está implícito em seu nome. Chatroulette seria algo como uma roleta de conversas virtuais. Diante de estranhos, os internautas estão criando os mais variados usos para o site.
Relatos dão conta de que um rapaz da Suécia estaria desenhando rapidamente as pessoas com quem se depara no portal. Um outro usuário estaria compondo músicas a partir de temas sugeridos pelos estranhos que encontra no Chatroulette. Um americano teria o hábito de tentar prever o futuro das pessoas lendo suas mãos.
Como era de se esperar, há também os que preferem usos pornográficos ou agressivos para o serviço.
Como não há controle sobre quem usa o site (não é necessário qualquer tipo de cadastro), nem sobre o que as pessoas fazem durante os chats, o Chatroulette é visto por muitos como um campo perfeito para pedófilos e criminosos virtuais.
Adeptos
O criador do serviço, o russo Andrey Ternovskiy, de apenas 17 anos, defende a utilidade de sua invenção.
"Eu acho bacana que um conceito tão simples possa ser útil para tanta gente, apesar de algumas pessoas estarem usando o site de maneiras não muito legais. (...) Para mim, é simplesmente fantástico", disse em entrevista ao jornal New York Times.
Quando foi lançado, em novembro do ano passado, o serviço tinha apenas dez usuários, todos amigos de Ternovskiy.
"Eu sempre gostei de conversar com amigos no Skype usando um microfone e uma câmera. Mas a gente se cansou de conversar uns com os outros. Então, eu decidi criar um pequeno serviço em que nós pudéssemos nos conectar aleatoriamente com outras pessoas", explicou.
Desde então, a ideia ganhou uma multidão de adeptos. Em dezembro, a média de usuários conectados simultaneamente era de 300. No começo de fevereiro já eram 10 mil. Hoje, depois que a imprensa americana e européia noticiou o tema, os números saltaram para mais de 35 mil em horários de pico.
Segundo Ternovskyi, que começou a lidar com programação de sistemas por influência do pai aos 11 anos, conforme o número de internautas do Chatroulette aumentava, ele era forçado a reescrever o código do programa para que sustentasse o novo movimento. Agora, o serviço é mantido em sete servidores na Alemanha.
Experiência "fantástica"Conversando com um repórter da BBC Brasil pelo Chatroulette, um chinês de 22 anos se identificou como Dan e contou que descobriu o site há duas semanas. Desde então, o frequenta diariamente para fazer amizades.
Ele admite, porém, que o máximo que conseguiu até agora foram amigos "momentâneos", já que não pegou o contato de ninguém para poder retomar a conversa depois que o botão "Next" foi apertado.
Tom, um engenheiro americano, havia acabado de conhecer o Chatroulette quando conversou com a BBC Brasil. "Por enquanto não estou gostando muito não. Você é a primeira pessoa com quem converso de verdade. Talvez por ser um homem mais velho, tenho 34 anos, a maioria dos usuários aperta o "Next" em menos de dois segundos quando se depara comigo", relatou.
O repórter Sam Anderson da New York Magazine estimou que "a idade média do Chatroulette parece girar em torno dos 20 anos e os homens superam as mulheres provavelmente numa proporção de 20 contra um".
A americana Jane, uma estudante de 16 anos, foi a única mulher com quem a BBC Brasil conseguiu conversar pelo Chatoroulette. Ela disse que entrou pela primeira vez no serviço por indicação de uma amiga e acabou fascinada pela experiência.
"É fantástico conversar com gente desconhecida de todo canto do mundo", disse. Segundo a adolescente, seus pais não sabem que ela utiliza esse tipo de serviço. "Se soubessem que um em cada dez caras que aparecem na minha frente está pelado se masturbando, não gostariam nada", admite.
Pornografia e violência
A página do Chatroulette informa que o serviço "não tolera a transmissão de material obsceno, ofensivo e pornográfico". Além disso, oferece aos usuários a opção de reportar conteúdo inapropriado.
Na prática, porém, não parece haver controle algum. Não é preciso fazer qualquer cadastro para acessar o serviço.
Apesar de dizer que é proibido para menores de 16 anos, qualquer um pode clicar em "Play" e usar o site. Nesse cenário, o Chatroulette também começa a ser a apontado como o ambiente perfeito para pedófilos e propagadores de mensagens violentas.
O Ceop (Centro de Exploração de Crianças & Proteção Online, na sigla em inglês), uma organização britânica de combate a crimes na internet, informou que vem recebendo nas últimas semanas algumas notificações a respeito do Chatroulette, mas ainda não estudou o site para saber se alguma providência será tomada.
Hannah Bickers, porta-voz do Ceop, diz que o centro tem duas recomendações essenciais para o uso da internet: nunca divulgue dados pessoais nem converse com estranhos. Mas essa segunda regra não pode ser aplicada ao Chatroulette, já que falar com estranhos é a essência do serviço.
Bickers acrescenta que os pais devem acompanhar o que seus filhos fazem na internet. "Peça a eles que te ensinem a usar os aplicativos que você nunca usou, como as redes sociais ou os sites de conversas virtuais", recomenda. Colocar o computador em um lugar visível também é uma dica aos pais.

fonte: BBC Brasil

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